terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sobre o sistema educacional

Há muitas discussões sobre o que deveria mudar no nosso sistema educacional, e eu vou colocar minhas opiniões parciais nessa postagem.

1. Os professores deveriam ganhar mais
Concordo. Acho que o aumento do salário dos profesores aumenta a competitividade no mercado, dá maior credibilidade ao profissional e possivelmente aumentará a qualidade do ensino. Porém, as condições socioeconômicas dos alunos e os meios sociais caóticos nos quais estão envolvidas dificultam em muito a atuação de bons profissionais, sendo necessário um controle maior da violência nas periferias urbanas.
2. O regime de cotas é ridículo
Não concordo. Acho que as cotas dão maiores oportunidades de ascensão social àqueles que vivem em regiões com infra-estrutura educacional precária ou inexistente. Para a própria universidade a existência de cotas proporciona a experiência positiva da integração de diferentes culturas e maneiras de pensar, o que, em termos humanos, é muito positivo. Acho que não deveriam acabar com as cotas, mas sim aumentar o número de vagas nas universidades.
3. As vagas das universidades devem ser reservadas para aqueles que as merecerem segundo o sistema de avaliação da universidade, através do vestibular.
Eu acho a meritocracia uma idiotice, seja expressa nos vestibulares como nas provas escolares corriqueiras. Se pensarmos em termos cognitivos, a escola não acrescenta conhecimento, pois todo o conhecimento humano necessário à vida e particularmente ao trabalho é inato. O papel da escola é ajudar o aluno a descobrir seus talentos e administrar seu conhecimento, ajudá-lo a ser independente do professor e ser capaz de fazer pesquisas e adquirir habilidades por conta própria. Se a escola se mostra capaz de cumprir seu papel, os alunos já estão prontos para o mercado de trabalho.
4. Os alunos deveriam estudar apenas as matérias relacionadas com aquilo que vão fazer na vida
Discordo. A questão não é cortar as matérias, mas sim interligá-las. O aluno deve saber como conhecimentos de fontes diversas são tão parecidos em termos de estrutura, e deve ser capaz de navegar em v árias áreas de conhecimento. Isso o permite ser uma pessoa mais independente e dinâmica, com um mercado muito maior à sua disposiçãpo do que se fosse um mero especialista.
5. As pessoas deveriam ter mais aulas ligadas às artes nas escolas
Concordo. Porém, as aulas de artes não são só para "tornas as pessoas mais cultas" ou para "servirem como uma maneira para os alunos aprenderem a lidar com seus sentimentos". Tudo isso é importantíssimo, mas as artes são ainda mais. Elas lidam com habilidades cognitivas e perceptivas que os alunos não desenvolvem em outras matérias. Por isso, elas são essenciais para que os alunos sejam mais cientes de suas capacidades.
Como eu acho que as matérias deveriam ser distribuídas em termos de horas semanais, quais matérias deveriam ser oferecidas e por quê:
Exatas e Biológicas: Matemática (3 aulas: cálculo, álgebra e geometria), estatística (1 aula, abordando estratégica, economia, probabilidade e teoria dos jogos), física (3), química (2), bioquímica (1), biologia (2), teoria da computação (1)
Artes e esportes: Dança (2), música (2), artes visuais (2), artes cênicas (2), educação física (1), alguma arte marcial, como kung-fu, por exemplo (1)
Ciências humana e línguas: História (3 aulas, sendo uma de histógia do ocidente, uma de história do oriente, e a terceira de história do conhecimento e das artes em geral), geografia (2), filosofia (1), antropologia (1), literatura de língua portuguesa (1), literatura universal(1), língua inglesa (1), outra língua estrangeira (1)
Ciências cognitivas: psicologia (1), linguística (1), ergonomia, cibernética e cinesiologia (1), estudos sobre os processos cognitivos humanos (1)
Aula prática: Mecatrônica (1 aula por semana, conteúdo misto dos cursos técnicos de mecânica e eletrônica)
40 horas semanais, 8 aulas por dia. Mais do que no Brasil atual, mas menos do que no Japão.
Enfim, vou parar por aqui. Uma ótima semana!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Linguagens Curiosas

O assunto de hoje são linguagens que possuem alguma característica interessante. Geralmente artificiais, essas línguas foram criadas para uma determinada função, e não possuem falantes propriamente nativos.
1. Esperanto e outras línguas universais
Esperanto, volapuk, ido, interlíngua, novial, blyssymbolics (surdos-mudos), occidental, ling, ignota, algum nome familiar? Pois bem, essas são algumas das chamadas línguas universais. Elas foram inventadas para que você, um chinês, um indonésio, um europeu e um africano consigam bater papo em uma língua comum e simples de aprender. A gramática dessas línguas costuma ser extremamente simplificada, de maneira que é possível aprender qualquer uma delas um menos de um mês. O escritor russo Tolstói diz ter aprendido esperanto em 3 horas. Será que você consegue fazer o mesmo? Há um curso de esperanto na wikipedia, aqui vai o link: http://pt.wikibooks.org/wiki/Esperanto

2. Taquigrafia
Em poucas palavras: um método de escrita rápida. É usado para a transcrição de discursos em tempo real. Os símbolos da taquigrafia correspondem apenas às consoantes do nosso alfabeto, dispensando o tempo perdido na escrita de vogais. Além disso, há muitos símbolos de abreviação de termos usados com certa frequência. Saber taquigrafia é super útil na vida escolar, pois o aluno consegue anotar não apenas os pequenos resumos do professor, mas sim a aula inteira. Com a difusão dos celulares, hoje já equipados com gravadores, mp3 e mil e uma funções, a taquigrafia está ficando cada vez menos usada, porém é interessante conhecê-la. Aqui vai um link:
http://www.taquigrafia.emfoco.nom.br/

3. Visible Speech
Um sistema de escrita no qual os símbolos representam a movimentos da garganta, língua e lábios usados para produzir cada tipo de fonema. Criada para ensinar a fala a pessoas surdas. Seu inventor foi o pai de Graham Bell, o inventor do telefone. Seu filho superou a invenção do pai, utilizando um aparelho que converte som em padrões reconhecíveis de imagem, chamado espectógrafo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Visible_Speech

4. Labanotation
Além da já muito difundida notação musical, com cifras, partituras e tablaturas, sabiam que existem várias notações de dança? A labanotation é uma delas, talvez a mais completa. Mas ela, a meu ver, tem um problema: ela utiliza linhas verticais, enquanto as linhas de uma partitura convencional são horizontais (apesar de haver métodos de notação musical com linhas verticais, pouco difundidos). Dessa maneira, podemos escrever uma partitura de uma canção com a melodia em cima e a letra em baixo, mas não podemos completar a partitura com os passos de dança que a acompanham através de labanotation, embora possamos completar com outro tipo de notação. Existem inúmeros sistemas de notações, para várias finalidades, como xadrez, fórmulas químicas, equações matemáticas, línguas, dança, música e até pintura!
Um site que ensina labanotation (em inglês): http://www.labanotation.net/
Um site super intessante sobre inúmeras notações musicais: http://musicnotation.org/musicnotations/index.html
Infelizmente não achei nenhum sobre a notação de pintura. O nome é New Epoch Notation Painting, inventada por Peter Graham. Se alguém achar algum link, por favor me mande ;D
Bom, por enquanto é só. Até mais!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Problemas de Bongard

Os problemas de Bongard são uma série de quebra-cabeças baseados nas nossas habilidades de visualização espacial. Consistem basicamente no seguinte: há 12 folhas de papel, 6 à direita e 6 à esquerda. Todas apresentam um desenho composto basicamente de formas geométricas simples. A questão é que os 6 desenhos da direita apresentam alguma propriedade que os diferem dos desenhos da esquerda, e o propósito do quebra-cabeça é descobrir essa diferença.
Os problemas de Bongard podem ser considerados um importante estudo sobre a "sintaxe" da imagem. Neles nós reconhecemos estruturas formais com as quais sempre nos relacionamos, mas não nos damos conta. Como nós podemos reconhecer essas estruturas? Como um computador poderia reconhecê-las?
Aqui vai um link que contém uma série desses problemas:
http://www.foundalis.com/res/bps/bpidx.htm

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Paradoxo da Viagem no Tempo

Bem, vamos começar! Antes de mais nada, eu resolvi mudar algumas coisas no blog após receber o feedback de alguns amigos meus. A partir de hoje eu vou colocar mais fotos e videos, e tentar descrever as coisas de uma forma mais didática, afinal a maioria dos leitores aqui não são experts em inteligência artificial (inclusive eu). Então vamos escrever tudo em tópicos para facilitar as associações e também possivelmente a pesquisa de alguns leitores.
O assunto de hoje será o paradoxo da viagem no tempo (derr), que foi uma ideia que me ocorreu já há um tempo. A partir dela, poderemos discutir muitos outros tópicos.
Do que se trata?
Vamos imaginar um futuro distante, no qual a técnica de viajar no tempo, em particular para o passado, tenha sido desenvolvida. Então, os seres humanos preparam uma espécie de câmara, nave, ou outra coisa parecida, que permita transportar uma equipe de viajantes para o passado. O ponto de chegada é a época em que a Terra estava em formação, há tantos bilhões de anos. A nave chega e vistoria nosso planeta, ainda inabitável devido à alta temperatura e à atmosfera cheia de gases tóxicos. Eles tentam não interferir em nada nesse ambiente, com medo de que qualquer interferência possa alterar o futuro. O que eles não sabem é que uma pequena bactéria se desprende do lado de fora da nave, e aterrissa naquele planeta inóspito. E ela não morre, mas sim se adapta e se reproduz, gerando muitas bactérias, as quais iriam sofrer mutações e adaptações, dando origem a novas formas de vida. É o início da vida na Terra!!
Qual o paradoxo dessa situação????? Veja, se a nossa viagem no tempo foi responsável pela criação da vida na Terra, etnão a nossa própria existência hoje seria resultado dessa viagem no tempo que ainda vamos fazer!! E só seremos capazes de viajar no tempo e começar a vida na Terra se estivermos vivos, logo nossa existência, nessa hipótese, foi causada por ela própria! Isso dá um nó na cabeça, eu sei XD

Causalidade
Causalidade é a noção de que eventos só existem ou ocorrem por que existem outro eventos que os levaram a acontecer. Quando respondemos à questões do tipo: "por que chove?", "por que o céu é azul", "por que o Corinthians não ganha a Libertadores?", todas essas perguntam uma causa, que promove um certo efeito que nós observamos. Essa é uma forma de questionar o mundo que já nasce conosco. Bem... se essa viagem no tempo da qual falamos for possível, o que acontece com a causalidade? Se um evento é resultado da própria existência, ele é a sua própria causa e consequência, ou seja, ele existe independentemente de qualquer outra coisa. É como pensar em quem criou Deus. Se Deus existe, ele é teoricamente independente da existência de toda a sua criação. A diferença é que Deus existiria desde o início dos tempos, enquanto esse efeito bizarro da nossa viagem no tempo, em particular, só existiria desde o início da vida na terra até a partida da nave num futuro distante. Aparentemente, muitos paradoxos jogam com a causalidade, nos fazendo refletir se realmente faz sentido perguntar o próprio sentido dos acontecimentos.

Dedução e Indução
As descobertas ciêntíficas sempre se fazem através de dois tipos de lógica: a dedutiva e a indutiva. Através de certos conhecimentos já adquiridos, chamados de premissas, nós podemos chegar a uma conclusão que desconhecíamos até então. O exemplo mais clássico é o seguinte:
1. Todos os humanos são mortais
2. Sócrates era um humano
Conclusão: Sócrates é mortal!
Parece óbvio, mas é mais complexo do que imaginam. Essa é a lógica dedutiva.
A lógica indutiva busca observar eventos que PARECEM ocorrer sempre de uma mesma maneira e, assim, chega-se à conclusão de que eles DE FATO sempre ocorrem dessa maneira. Exemplo clássico:
Todo dia vemos o Sol nascer no leste e se por no oeste. Daí concluímos que nunca o sol fará o caminho contrário.
Essas são as noções básicas.

Causalidade vs. Aleatoriedade
Para terminar meu pensamento, vamos fazer analogias. A causalidade e a aleatoriedade (discutida no último parágrafo da postagem anterior), são duas formas diferentes de observar a realidade, uma tendendo à razão e a outra, à desordem. A causalidade é resultado da lógica dedutiva, pois a CAUSA da mortalidade de Sócrates é ele ser humano. A aleatoriedade não é resultado da indução, mas a probabilidade é: até hoje, o sol nasceu no leste em 100% dos dias, portanto a probabilidade de ele nascer no leste amanhã é muito próxima de 100%.
A aleatoriedade é a negação das duas lógicas. Por um lado, um fenômeno completamente aleatório é independente de qualquer causa e, por outro lado, o fenômeno puramente aleatório é imprevisível, não havendo absolutamente nenhuma certeza sobre esse evento. Dadaísmo, negação da arte e da lógica, aleatoriedade, relacionem...

Obs.1: Ainda nada foi comprovado cientificamente sobre a possibilidade de um humano viajar para o passado. A física parece querer preservar a causalidade, a qual deu origem a todas as suas leis e teorias. Cada vez mais a realidade reflete nossa cognição.
Obs.2: A chamada "Teoria do Caos" nos diz respeitos a sistemas que tornam-se cada vez mais imprevisíveis com o passar do tempo.  Esses sistemas tornariam-se aleatórios se os tentássemos visualisar num futuro INFINITAMENTE distante.
Obs.3: Na física quântica os fenômenos que envolvem partículas menores que o átomo envolvem uma aleatoriedade, também chamada incerteza, sobre a posição ou a velocidade de uma partícula. No entanto nosso desconhecimento é parcial, pois sempre podemos conhecer ou a posição ou a velocidade, porém nunca as duas ao mesmo tempo. Se nosso desconheciomento fosse total, aí teríamos uma aleatoriedade pura, e então não saberíamos absolutamente nada sobre os fenômenos subatômicos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Sobre a classificação dos gêneros artísticos

O que é gênero? O que diferencia uma forma de expressão da outra? Será que a categorização é um esforço inútil, num mundo em que impera o individualismo? Esse será o nosso tema.
Considerando a cognição parcialmente inata e parcialmente influenciada por fatores externos de ordem antropológica, as diferenças entre visões de mundo serão resultado direto desse segundo tipo de influência. A maioria dos acadêmicos da atualidade utilizam a expressão "contexto sócio-cultural", geralmente acompanhada por "na qual o indivíduo está inserido", ou pequenas variações linguísticas disso. É nesse ponto em que divergimos, pois "contexto" é uma noção extremamente superficial, que precisaria de uma caracterização muito mais detalhada de seus elementos. Também não aceitamos que a caracterização do contexto seja "um monte de coisas diferentes que se relacionam", ou seja, transformar contexto em hipertexto não nos engana, e não vou citar fontes agora. Se a realidade é mesmo reflexo da cognição, os elementos que a constituem são da mesma dimensão dos nossos processos de pensamento, com semelhante complexidade.
Dessa maneira, a percepção dos gêneros artísticos como indutores de diferentes sensações implica num detalhado destrinchamento dos aspectos mais sutis que os caracterizam. Um gênero comporta-se de maneira semelhante à de uma língua ou dialeto, e muitas associações podem surgir daí. Cultura, etnia, língua, e formas de expressão artística costumam ser vistas num mesmo pacote. É óbvio que alguém agora vai me atacar e dizer que não é bem assim que funciona, mas eu estou falando de tendências que levam a formas de classificação, que serão abordadas no próximo parágrafo.
A classificação é algo inato ao ser humano. Separar e agrupar as coisas do mundo é um processo crucial para a formação de um vocabulário de signos. Porém, a classificação é um processo arbitrário, pois as diferentes nuances de significado produzem diversos agrupamentos possíveis. Toda a categorização produz uma estrutura em forma de raiz, com o universo sendo o caule e as ramificações produzindo separações dentro do universo. Isso ocorre quando dividimos a música, a pintura, a dança, o teatro, enfim, em gêneros específicos. Então, se essa separação é arbitrária, ela é inútil, diz o individualismo. Apesar de eu simpatizar com essa ideia, devo pedir desculpas, mas eu menti ao dizer que a separação é aleatória. Seria uma contradição dizer que a classificação é arbitrária e ao mesmo tempo tendenciosa. E essa tendência tem raízes sócio-culturais, evidentemente.
Nossa sociedade eurocêntrica divide a música em Blues, Jazz, Clássica, Rock, Metal, Experiemental, (...), e a palavra "tradicional" descreve toda a música não produzida no ocidente ou que soa exótica em algum aspecto. Nas artes visuais, temos Renascimento, Barroco, Impressinismo, Surrealismo, Dadaísmo, (...), e a arte oriental não passa de "arte oriental". Parece que o pensamento ocidental é tão "complexo e diversificado" que não dá muito espaço ao pensamento das sociedades "menos civilizadas". Odeio fazer crítica social, mas já tendo feito, eu deixo o desenrolar dela com os retóricos de plantão.
Não existem fenômenos aleatórios. Por mais que um pensamento pareça aleatório, ele apareceu por conta de um certo estímulo e de uma certa associação de signos. Computadores não produzem 1s e 0s aleatoriamente, da mesma maneira que nossas sinapses não transmitem impulsos elétricos por caminhos aleatórios. Se algo de ruim acontece e não se vê causa, certamente houve uma sequência de eventos que, de maneira improvável, mas não aleatória, levaram ao desfecho indesejável. Na própria física quântica, a aleatoriedade decorre da incerteza, e não do funcionamento intrínseco da realidade. Ahh sim, mas houve nova contradição, pois nós já dissemos que a realidade é reflexo do pensamento, então a aleatoriedade seria, de fato, o reflexo da incerteza, e não faria sentido nós discutirmos sobre a existência de um funcionamento intrínseco e independente do mundo real. Isso contraria a base das nossas metodologias científicas, mas eu não estou nem aí.
Acabei, tenham uma ótima semana!!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Apresentação do blog

Sejam bem vindos! Antes de mais nada, é preciso fazer um esclarecimento sobre o conteúdo do qual vamos falar nesse pequeno microespaço da web. A resposta não é simples. À primeira vista, você, leitor, deve ter imaginado se tratar de um blog que mistura uma discussão sobre cidadania, feng shui e medicina alternativa, ou algo do tipo. Pois prepare-se, pois os assuntos aqui dedicados são de alcance ainda mais amplo e diversificado, a ponto de que esse espaço engloba, ou pelo menos pretende englobar qualquer assunto, qualquer tipo de conhecimento ou reflexão que possa ser imaginada. Mas como assim? Será que um blog pode abarcar todo o conhecimento e formas de expressão culturais da humanidade? É óbvio que não, porém faremos o possível para organizar toda essa bagunça.
Esclarecendo o título: Bianc é uma sigla para BIoANtropologia Cognitiva. Não se assuste, vamos esclarecer do que se trata. Tudo começou com um estudo chamado genericamente de "ciências COGNITIVAS", que buscam compreender, basicamente, como o ser humano pensa, através da observação de padrões de comportamento e da criação de modelos lógicos, matemáticos, biológicos, enfim, que esclareçam como tudo isso se dá. Muitas correntes de pensamento se opõem a esse tipo de estudo, mas vamos discuti-las mais pra frente. Podemos nos perguntar: já que o pensamento humano ocorre no cérebro, então se mapeássemos o cérebro nós conseguiríamos descobrir como nós pensamos, não é verdade? Bem, essa é uma boa pergunta.
Apesar de um mapeamento do cérebro poder esclarecer muito sobre o pensamento humano, talvez não seja a melhor estratégia. Devemos lembrar que o corpo e a mente interagem constantemente entre si, de maneira que os processos de pensamento estão atrelados ao corpo como um todo, na nossa percepção do espaço, do tempo, nos nossos 5 sentidos, nas sensações de fome, sono, desejo, amor, ódio, felicidade, e em muitas outras. Por isso não usamos o prefixo neuro e sim BIO, para amalgamarmos corpo e mente em uma só expressão.
Por fim, por que ANTROPOLOGIA? Chomski, um linguista em meados do século XX, disse que muitos dos nossos conhecimentos linguísticos são inatos, ou seja, nascemos com certos processos de pensamento já estruturados. Alguns processos, mas não todos. O que diferencia o pensamento de cada pessoa? O contexto social, cultura, histórico, geográfico e alguma carga genética, a qual está diretamente dependente da nossa árvore genealógica e portanto também presa ao contexto histórico. Todas as relações humanas que possam nos levar a desenvolver idéias diversificadas são estudadas por ciências como a antropologia, a sociologia, a história e a geografia.
Bioantropologia cognitiva é a maneira de compreender a mente humana em todas as suas relações consigo mesma e com o mundo que a cerca. Ao adotarmos a sigla BIANC, nós tomamos a liberdade de inverter essa lógica, ou seja, compreender as manifestações humanas como um espelho do pensamento individual e coletivo. A própria realidade pode ser considerada um espelho do nosso pensamento; já parou pra pensar nisso? Um pouco de existencialismo não faz mal a ninguém.